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quinta-feira, 16 de setembro de 2004

O Cemitério dos Alemães

Graças pelo horário "nine-to-five" da necrópole norte-americana em Colleville-sur-Mer. O nosso atraso em Bayeux providenciou um outro fim de tarde.
Mais uns quilómetros galgados e encontrámos o cemitério dos perdedores, em La Cambe; íamos num estado de espírito estupidamente jocoso.Atravessámos uma álea paralela à auto-estrada, que soubémos mais tarde ter sido plantada por rapazes e raparigas dos diversos países envolvidos na Guerra. Não tínhamos expectativas, o que para quem se conhece resulta invariavelmente em surpresa de espírito.
À entrada daquele jardim sem cerca impressiona a beleza modesta, discrição e paz evidente do lugar. Andarilhámos bem três quartos de hora por ali. Mais de vinte e um mil homens, gaiatos de dezoito anos na sua grande maioria. As piadinhas de mau gosto sobre os "alamões" morreram logo à entrada, na ante-sala onde uma senhora campista abria o nicho do livro dos mortos à procura de algum parente.
Ao contrário da maioria das forças militares aliadas, as germânicas apuseram nas lápides tumulares as datas de nascimento dos seus soldados; os mais velhos, poucos, tinham trinta e sete ou trinta e oito anos. Foi um bonito dia de Agosto, com rara gente a aprender os restos de uma juventude comprometida.
Disse um ex-militar inglês, mais de uma vez, que ao soldado não cabe começar a guerra, antes acabar com ela. Por mim, a "Iniciação à Ciência Política" e a "Iniciação à Praxe Política", em todos os seus semestres e delfins, devia passear por aqui. É toda uma mesma Normandia.

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